quarta-feira, 29 de março de 2023

 

Alagoas reduz 2.172 postos de trabalho com carteira assinada em fevereiro de 2023

 

 

 

Segundo dados do CAGED.

Prof. Me. Diego Farias

Alagoas reduz 2.172 postos de trabalho com carteira assinada em fevereiro deste ano de 2023 em comparação com o mesmo período do exercício financeiro anterior. O resultado de 11.638 admissões de empregos com carteira assinada ante os 13.810 empregos gerados em fevereiro de 2022. No acumulado o saldo é de 392.860 trabalhadores no mercado formal. Os dados são do Ministério do Trabalho e Previdência, que divulgou hoje (29/03/2023), em Brasília, as Estatísticas Mensais do Emprego Formal, o Novo Caged.

    O estoque de empregos formais é a quantidade total de vínculos celetistas ativos, chegou a 11.638  em janeiro, o que representa uma diminuição de 12,27% em relação ao mês anterior que foi de 13.265.

    O destaque ficou com o setor de serviço, pois foi responsável pela criação de 5.321 vagas, esses números não incluem servidores públicos e trabalhadores autônomos, mesmo com CNPJ. 


    A perspectiva de geração de empregos formais não é boa para o Estado de Alagoas, na medida em que neste mês de fevereiro de 2023 foi péssimo os dados apresentados, ocasionando uma diminuição tanto em comparação como mês anterior, bem como com do ano passado, pois os números de desligamentos ficaram em 11.478 demitidos, aumentando o estoque da população desempregada em Alagoas.  







sexta-feira, 10 de abril de 2015

100 dias do governo Renan Filho uma análise sobre o prisma do RREO

O RREO é exigido pela atual constituição que estabelece em seu artigo 165, parágrafo 3º, que o Poder Executivo o publicará, até trinta dias após o encerramento de cada bimestre.

O Estado de Alagoas já o divulga, há vários anos, bimestralmente. O objetivo dessa periodicidade é permitir que, cada vez mais, a sociedade, por meio dos diversos órgãos de controle, Controle Social, conheça, acompanhe e analise o desempenho da execução orçamentária do Governo Estadual e seja fonte para futuros artigos científicos, tão escasso sobre o tema. 

Todos os RREO podem ser encontrados no site: http://www.sefaz.al.gov.br/financas.php

As informações do RREO deverão ser elaboradas a partir dos dados contábeis consolidados de todas as unidades gestoras, no âmbito da administração direta, autarquias, fundações, fundos especiais, empresas públicas e sociedades de economia mista.

Os demonstrativos do RREO, listados a seguir, deverão ser elaborados e publicados até trinta dias após o encerramento do bimestre de referência, durante o exercício:
a) Balanço Orçamentário;
b) Demonstrativo da Execução das Despesas por Função/Subfunção;
c) Demonstrativo da Receita Corrente Líquida;
d) Demonstrativo das Receitas e Despesas Previdenciárias do Regime Geral de Previdência Social;
e) Demonstrativo das Receitas e Despesas Previdenciárias do Regime Próprio dos Servidores;
f) Demonstrativo do Resultado Nominal;
g) Demonstrativo do Resultado Primário;
h) Demonstrativo dos Restos a Pagar por Poder e Órgão;
i) Demonstrativo das Receitas e Despesas com Manutenção e Desenvolvimento do Ensino;
j) Demonstrativos das Despesas com Saúde;
k) Demonstrativo Simplificado do Relatório Resumido da Execução Orçamentária.

De acordo com o art. 52.  da Lei Complementar 101/2000, Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF), o RREO abrangerá todos os Poderes e o Ministério Público, sendo publicado até trinta dias após o encerramento de cada bimestre e composto de:
        I - balanço orçamentário, que especificará, por categoria econômica, as:
        a) receitas por fonte, informando as realizadas e a realizar, bem como a previsão atualizada;
        b) despesas por grupo de natureza, discriminando a dotação para o exercício, a despesa liquidada e o saldo;
        II - demonstrativos da execução das:
        a) receitas, por categoria econômica e fonte, especificando a previsão inicial, a previsão atualizada para o exercício, a receita realizada no bimestre, a realizada no exercício e a previsão a realizar;
        b) despesas, por categoria econômica e grupo de natureza da despesa, discriminando dotação inicial, dotação para o exercício, despesas empenhada e liquidada, no bimestre e no exercício;
        c) despesas, por função e subfunção.
        § 1o Os valores referentes ao refinanciamento da dívida mobiliária constarão destacadamente nas receitas de operações de crédito e nas despesas com amortização da dívida.
        § 2o O descumprimento do prazo previsto neste artigo sujeita o ente às sanções previstas no § 2o do art. 51.
        Ainda de acordo com o art. 53. acompanharão o RREO os demonstrativos relativos a:
        I - apuração da receita corrente líquida, na forma definida no inciso IV do art. 2o, sua evolução, assim como a previsão de seu desempenho até o final do exercício;
        II - receitas e despesas previdenciárias a que se refere o inciso IV do art. 50;
        III - resultados nominal e primário;
        IV - despesas com juros, na forma do inciso II do art. 4o;
        V - Restos a Pagar, detalhando, por Poder e órgão referido no art. 20, os valores inscritos, os pagamentos realizados e o montante a pagar.
        § 1o O relatório referente ao último bimestre do exercício será acompanhado também de demonstrativos:
        I - do atendimento do disposto no inciso III do art. 167 da Constituição, conforme o § 3o do art. 32;
        II - das projeções atuariais dos regimes de previdência social, geral e próprio dos servidores públicos;
        III - da variação patrimonial, evidenciando a alienação de ativos e a aplicação dos recursos dela decorrentes.
        § 2o Quando for o caso, serão apresentadas justificativas:
        I - da limitação de empenho;
        II - da frustração de receitas, especificando as medidas de combate à sonegação e à evasão fiscal, adotadas e a adotar, e as ações de fiscalização e cobrança.

Adentrando-se na Lei do Direito Financeiro, Lei nº 4.320/64 no seu art. 101 os resultados gerais do exercício serão demonstrados no Balanço Orçamentário, no Balanço Patrimonial e na Demonstração da Variação Patrimonial. Segundo seu art. 102, no Balanço Orçamentário demonstra as receitas e despesas previstas em confronto com as realizadas. O resultado final do exercício será obtido estabelecendo as diferenças entre as somas dos excessos (excesso de arrecadação, economia orçamentária e/ou superávit orçamentário) pela redução das insuficiências (insuficiências na arrecadação e/ou déficit orçamentário), ou seja, pelo confronto da receita realizada com a despesa empenhada.

Primeiramente que podemos analisar é a superestimação da receita, na medida eu que a LOA de 2015 aprovada recentemente, “finalmente”, pela Lei Nº 7.691, de 6 de abril de 2015, estimou a receita em R$ 8.334.308.547,00 porém se manter a tendência do exercício R$ 1.371.364.754,90, multiplicando pelos seis bimestres Alagoas arrecadará no ano de 2015 R$ 8.228.188.529,40 sendo uma diferença de R$ 106.120.017,60  (cento e seis milhões e cento vinte mil e cento e dezessete reais e sessenta centavos).

Dessarte Alagoas nunca conseguiu arrecadar 100% das suas receitas previstas, conforme estudo que já elaborei sobre as LOA´s, demonstrado na tabela 1, na medida em que a elaboração orçamento parte-se do princípio orçamentário do equilíbrio, na qual a receita prevista tem que ser igual à despesa executada. Porém, na prática, não é isso que acontece, em virtude de sempre superestimar as receitas, para que se possa elevar os gastos públicos e ainda mediante com abertura de operações de crédito por meio da emissão de títulos públicos estaduais.

Tabela 1 – Superestimação das receitas orçamentárias

PREVISÃO ATUALIZADA
RECEITAS REALIZADAS
DESPESAS EMPENHADAS
DIFERENÇA
2014
8.674.834.219,89
7.809.789.329,24
8.121.632.937,95
11,08%
2013
6.558.312.161,01
6.242.240.639,74
7.014.443.239,08
5,06%
2012
7.109.886.444,23
6.143.838.609,93
6.478.573.042,80
15,72%
2011
5.902.444.326,67
5.669.104.344,80
5.751.480.507,97
4,12%
2010
6.472.684.100,11
5.650.378.176,97
5.557.450.464,67
14,55%
2009
6.196.622.381,43
4.731.467.591,32
4.878.337.694,69
30,97%
2008
4.960.675.349,00
4.293.548.736,00
4.254.602.634,00
15,54%
2007
4.523.780.940,00
3.749.124.297,00
3.561.061.617,00
20,66%
2006
3.384.693.775,00
3.136.475.948,00
2.815.933.864,00
7,91%
2005
3.632.780.327,00
3.125.777.404,00
2.523.293.770,00
16,22%
2004
3.048.404.000,00
2.516.921.000,00
2.320.161.000,00
21,12%
2003
2.309.238.000,00
2.136.605.000,00
2.046.103.000,00
8,08%
2002
2.005.804.000,00
1.926.166.000,00
1.852.216.000,00
4,13%
2001
1.590.857.000,00
1.636.156.000,00
1.403.623.000,00
-2,77%
Fonte: Secretaria da Fazenda de Alagoas

Ponto positivo foi a redução do gasto com despesa com pessoal em R$ 80,5 milhões, mas como assim professor? Houve um novo PDV? Não caro leitor, a promessa que o atual governador fez em reduzir 30% dos cargos comissionados já pode ser observada, entretanto temos órgãos como o PROCON, por exemplo, sem atendimento por causa deste nunca ter realizado um concurso público, sendo gerido operacionalmente em 100% com empregados comissionados, torço/luto para que um dia essa praga de cargos comissionados acabem de uma vez, rompendo com o laço patrimonialista ainda existente e fortemente presenciado no nosso Estado.

Outro ponto que destaco é a economia orçamentária nesse primeiro bimestre, Alagoas recebeu R$ 1.371.364.754,90 e empenhou R$ 878.085.680,12, uma economia de R$ 493.279.074,78 praticamente o que o Estado arca com a folha salarial, entretanto entro em outro tema bastante polêmico e bem debatido nas aulas do mestrado em Administração Pública na UFAL, o Estado visa lucro? Acredito que você se indagou com esta pergunta, então o que fazer com esses R$ 493.279.074,78 que estão sobrando no “caixa”, sem entrar na questão do orçamento impositivo, tarefa essa da equipe econômica que precisa fomentar o crescimento do Estado que passou oito anos parado no tempo, com escolas sucateadas, altos índices de violência, além dos postos fiscais em situação crítica, prejudicando a arrecadação, deixando de arrecadar R$ 150 milhões por ano, legados do ex-governador usineiro do PSDB, Teotônio Vilela.   

Porém, apesar dessa sobra de “caixa”, o Estado não consegue pagar sua folha salarial apenas com seus impostos, ICMS, IPVA, ITCD, ficando refém principalmente dos cota parte do FPE, dos repasses do FUNDEB e do IRRF, sendo que estes, separadamente são maiores que a soma da arrecadação do IPVA e do ITCD, ficando uma grande missão para o secretário da fazenda, George Santoro o aumento na arrecadação dos tributos estaduais.

Por fim, pode-se observar sobre a dívida consolidada no ano de 2001, no inicio da LRF,  representava 2,4 bilhões de reais, atualmente em 28/02/2015 esta dívida representa 9 bilhões de reais e o mais assustador que já pagamos 7 bilhões de reais de juros e amortizações, conforme pode-se observar na tabela 2 mais o RREO do primeiro bimestre de 2015 e mesmo assim essa dívida só aumenta advinda de nova contratação de operações de crédito no montante de 2 bilhões de reais e principalmente pelo reajuste anual imposta pela Lei 9.496/97, que foi utilizado o indexador IGP-DI mais juros de 7,5% ao ano e com 15% comprometidos da RCL estabelecido pelo Programa de Ajuste Fiscal, fez com que chegasse a um patamar impagável.

Tabela 2 – Juros e Amortizações pagos e evolução da DCL
Ano
Juros/Amortizações pagos
Dívida Consolidada Líquida
2000
135.749.647,93
2.670.510.000,00
2001
181.226.557,02
2.451.353.000,00
2002
377.350.165,84
3.491.788.000,00
2003
245.370.703,01
4.482.250.000,00
2004
272.113.268,51
5.072.920.000,00
2005
363.262.177,00
5.487.783.000,00
2006
349.593.002,94
5.927.277.000,00
2007
477.866.883,99
6.218.123.000,00
2008
498.216.604,31
6.955.422.000,00
2009
648.402.923,75
6.509.556.000,00
2010
574.042.729,00
6.798.649.000,00
2011
683.106.952,55
7.099.747.000,00
2012
767.245.774,21
7.599.503.000,00
2013
691.253.849,67
7.998.416.000,00
2014
684.465.846,93
9.186.834.623,41
TOTAL
6.949.267.086,66

Fonte: Secretaria da Fazenda de Alagoas

Recapitulando, no ano de 2001 tínhamos uma dívida consolidada de 2,4 bilhões de reais, nesses anos pegamos mais 2 bilhões de reais de novas operações de crédito, agora vamos imaginar que o juros foram de 100% nesse período, pior que agiota, e que não amortizasse (pagamento) nada, hoje teríamos um Dívida Consolida aproximadamente de 8 bilhões, entretanto já arcamos, ou seja, toda sociedade alagoana com mais de 7 bilhões de juros e amortizações, então como essa Dívida encontra-se em 9 bilhões de reais?


Bem, ficou um pouco extenso esse artigo para um blog, porém o assunto é enorme e carente de avaliações, nas próximas análises não irei mais falar essa parte introdutória, de fundamentação importância para saber a metodologia do RREO, entrando já nas observações sobre as evoluções das receitas e dispêndio do erário.